segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mais um feriado

_ 2ª Feira pós feriado da consciência negra, mas poderia ser uma 2ª pós qualquer feriado que as notícias seriam as mesmas. Folha de São Paulo, Estadão, Jornal Nacional, Jornal da Band, não importa... hoje as notícias não variam muito de um para o outro, todos falam do número de acidentes, mortos e feridos nas estradas. Mas esperem só para verem os jornais de amanhã, 3ª Feira, não haverá mais tanta informação sobre isso, e nos jornais de 4ª menos ainda e isso sabendo que muitas vítimas de acidentes morrem de complicações alguns meses depois do acidente.
_ Bom, na 6ª passada celebramos a consciência negra, e agora celebramos a falta de consciência nas estradas e as negras vestes nos funerais de 2ª.

Zumbi se orgulharia de nós.

Belorizonte | etnoziroleB

_ O ônibus hoje era o mesmo de sempre, nem muito cheio nem muito vazio, afinal, já passava das 8 da noite. A Avenida paulista era também a mesma, os carros, as luzes...
_ O túnel de acesso hoje era o mesmo do dia anterior, mas não era o mesmo de alguns meses atrás, quando os grafites ilustravam livremente suas paredes e faziam daquele pedaço do trajeto algo interessante, lúdico. Era Arte. Mas hoje e ontem aquela liberdade fora suprimida por grades negras grotescamente grandes em formato de letras incompreensíveis. Cada dia podia-se notar um detalhe novo ou interpretar diferentemente algum detalhe antigo... mas agora, aprisionados sob aquelas grades de piche transmitiam apenas o pesar dos artistas e apreciadores cotidianos.
_ A Dr. Arnaldo era hoje a mesma. As bancas de flores do lado direito do ônibus, tão comercialmente belas... quando se estica o pescoço para a janelinha dá até para sentir o cheirinho... mas hoje eu me sentei do lado esquerdo do ônibus e tive que me contentar com o relance das cores.
_ Mais um doutor, o Homem de Melo, era o mesmo... os alunos da PUC iam e vinham como sempre... aquelas calçadas daqueles quarteirões eram as mesmas e o portão, o prédio e o porteiro eram os mesmos...
... e quando eu entrei naquele mesmo elevador eu agradeci, com um bom suspiro, aos Orixás do tempo, à Buda e à Maria Madalena, por me olhar nos olhos naquele mesmo espelho e, apesar de tanta mesmisse, eu continuar ainda sendo o mesmo de sempre... só que melhor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O muro: 09/11/20??

Foto de Ana Letícia, visite: http://mineirasuai.blogspot.com/


_Quanto tempo faz, caro amigo, que não nos falamos? E o muro continua lá, onde se põe o sol.
_Poderia nessa mensagem ficar elocubrando as características do muro, como se conversássemos sentados lado a lado, você de um lado e eu do outro. Você falaria sobre ridícula engenharia, eu sobre a arquitetura tosca. Riríamos juntos.
_Mas na verdade, bom amigo, o que sinto quando me aproximo do muro é frio... não, não é nada sentimental ou espiritual não, e nem poderia ser, afinal, que tipo de muro tem sentimento ou espírito? Esse eu sei que não tem. O frio é por causa da sombra, aí eu imagino que, qualquer dia desses, poderíamos combinar de tomar sol juntos, ao meio dia, é claro...
_É, rapaz... enquanto lhe escrevo esse e-mail assisto na televisão uma reportagem sobre o Muro de Berlim e me ponho a pensar... será que algum dia cairá o muro aqui de casa? E o da sua?

Um abraço.